07. BATTAGLIA PERSA
CAPÍTULO SETE
❛ batalha perdida ❜
OS PEQUENOS PASSOS de Meredith ecoaram pelo corredor vazio, segurando animadamente o fiel bichinho de pelúcia do Scooby Doo debaixo do braço. A menina empurrou a porta com força para ver que o interior do quarto estava tão escuro que ela mal conseguia ver a ponta do nariz, a cama grande estava na sua frente.
Em Volterra todos os vampiros foram afetados pela presença de Meredith no castelo já que ao cair da noite ela dormia e por isso também caíram exaustos no chão em suas guardas. Não era algo que Meredith pudesse controlar, embora eles esperassem que ela crescesse logo, para que pudessem parar de ser afetados pela magia descontrolada da menina.
Meredith subiu na cama, empurrando o corpo sobre o colchão antes de começar a atravessá-lo, sem se importar se estava pisando em alguém debaixo das cobertas. Então ela caiu sobre a pessoa que estava coberta pelos cobertores finos.
— Demeti depeta. — ela diz, cutucando a bochecha dele com o dedo. — O sol apareceu!
Demetri grunhe e reclama baixinho antes de puxar os cobertores sobre o rosto enquanto os puxa para cima. Meredith então cutucou seu rosto coberto novamente para chamar sua atenção, sem se importar se ela ardia seus olhos no processo.
O vampiro tira uma das mãos das cobertas e começa a fazer cócegas na garota, sua risada estridente logo sendo ouvida. Essa era a única maneira de fazer com que Meredith parasse de cutucar seu rosto com o dedo mínimo.
— Você não deveria estar no seu quarto? — o vampiro perguntou, removendo as cobertas. — É sábado, você pode dormir.
— Scooby está com fome... — ela explicou, sentando-se novamente em seu abdômen sem se importar se o vampiro o incomodava.
— Ah, Scooby. — ele arqueia uma das sobrancelhas. — Eu te disse que não queria aquela pulga na minha cama...
Meredith olhou para ele com um beicinho e uma carranca enquanto o vampiro ria.
— Scooby não tem pulgas, Demeti! — ela exclamou, cruzando os braços.
O vampiro parece emocionado ao vê-la irritada, ri baixinho e acena com a cabeça.
— Ok, vamos fazer o café da manhã do Scooby.
— Scooby quer panquecas do Mickey Mouse, por favor.
Demetri levanta uma sobrancelha.
— Há mais alguma coisa que possa ser oferecida aquele cachorro ganancioso?
— Biscoitos, po favo.
[...]
Naquela manhã de sábado, depois do café da manhã que Demetri preparou - Alec e Felix desceram bem a tempo de pedir panquecas também e Demetri estava prestes a jogar a frigideira na cara deles, mas Meredith o impediu. Os reis e rainhas reunidos no jardim queriam que Meredith aprendesse mais esportes e assim gastasse sua energia.
Tinham improvisado uma baliza em cada extremidade do jardim, as rainhas desfrutavam de um bom chá e do sol da manhã que era perfeito quando a noite estava tão fria. Eles observaram Meredith correr desajeitadamente atrás da bola com Alec atrás dela. Ela se lembrava de ter passado por uma situação semelhante, embora naquele dia estivesse frio e seus pés estivessem afundando na areia.
— ABITO! — exclamou a menina em voz alta para Aro quando Félix tirou a bola de seus pezinhos para marcar um gol para seu time.
Os reis olharam para a menina.
— Ah, sim, querida, sinto muito. — desculpou-se o rei, recebendo o cartão vermelho que Meredith lhe dera no início do jogo. — Felix para o banco.
— Mas isso não é legal! — o vampiro exclamou, observando Meredith mostrar a língua para ele de seu lugar.
Alec e ela não tinham vantagem contra o vampiro grande, Demetri era bem menor e sempre deixava Meredith vencer.
— Bambina traidora. — o vampiro murmurou antes de ir para o banco junto com Santiago, que havia sido colocado no banco depois de fazer Meredith cair na grama.
As rainhas riem ao ver como Meredith bate a mãozinha na de Alec e olha para o marido ao lado dela, seus olhos acompanhando cada movimento da menina. Eles sabiam que ela era ruim no jogo, porém não tiveram coragem de contar, pois ela parecia muito animada toda vez que "marcava" um gol. Quem eram eles para lhe negar tal felicidade?
No momento em que Meredith estava prestes a expulsar Alec do campo de jogo, o vampiro a pegou nos braços e a colocou na grama. Não demorou muito para que a risada de Meredith fosse ouvida - Alec estava fazendo cócegas nela.
— Ei, pequena traidora, estou no seu time! — o vampiro exclamou, sem saber se ela conseguia ouvi-lo entre suas gargalhadas.
Os reis e rainhas se viraram para ver a cena, um suspiro saiu dos lábios de Athenodora que sempre teve os melhores e mais doces looks para Meredith. A menina estava tão alegre e feliz que parecia fazer parte do mais lindo sonho. Sua risada parecia iluminar o dia, as nuvens iam embora e o sol brilhava só para ela.
— Alec, você vai fazê-la usar o banheiro — Demetri disse a ele, aproximando-se deles. — Acho que ganhei.
— Não. — a garotinha apontou, levantando-se com a ajuda de Alec que a ajudou a tirar os restos de grama de seus cabelos e roupas. — Eu ganhei. Certo?
A pequena Meredith voltou-se para os reis.
— Claro, querida. — responde Sulspicia com um sorriso, levando a xícara de chá aos lábios. — Rapazes, sejam bons perdedores.
Demetri abriu os olhos surpreso ao olhar para o resto de seus companheiros guardas.
— Você tem sorte de ser adorável.
Meredith encolhe os ombros e corre com um enorme sorriso até Athenodora que a recebe com um grande abraço e a coloca no colo.
— Quem vai dizer a ela que é péssima em jogos de equipe? — Felix perguntou quando Demetri e Alec se sentaram no banco.
O grupo de vampiros observou Caius derramar um pouco de água em um pequeno copo rosa de princesa e entregá-lo a Meredith com um pequeno sorriso quase invisível que era destinado apenas a ela. Athenodora enxugou suavemente a testa com um lenço e removeu os restos de grama que haviam ficado em seus cabelos.
Eles não se importavam de perder, na verdade eles estavam bem com suas derrotas dentro do castelo se quem ganhasse fosse a garotinha com um par de tranças e um bichinho de pelúcia do Scooby Doo ao seu lado.
Os vampiros de Volterra sabiam que os finais de semana eram dedicados às brincadeiras da pequena Meredith e ninguém podia recusar, os guardas tinham folga para atender a garota em suas brincadeiras e os reis não tinham problemas com isso.
Meredith estava apontando para as árvores nas copas e Athenedora olhou ao lado dela, fingindo surpresa com o espanto da menina. Houve um em particular com penas azuis e verdes brilhantes que chamou sua atenção quando pousou nas flores do jardim.
— É um beija-flor.
— Beja-flo! — ela exclamou animada, ela não conseguia se lembrar de ter visto um pássaro tão lindo em sua vida.
No momento em que Caius quis corrigi-la, Aro levantou a mão e balançou a cabeça. Corrigir Meredith com o nome de algum objeto ou animal era uma batalha sem saída, uma batalha que Aro e muitos vampiros haviam dado como perdida, então o mais sensato era levantar a bandeira branca e se render.
O curioso pássaro colorido voou sobre os reis e pousou na cabeça de Meredith, logo acima de seus cabelos desgrenhados. A menina surpresa levou as mãos à boca, sentiu o pequeno beija-flor em sua cabeça antes que ele voasse sob o olhar atento dos presentes.
— Adeus! Adeus! — ela exclamou, balançando a pequena mão no ar.
[...]
A quantidade de energia que Meredith tinha era realmente surpreendente, acompanhar o jogo dela era realmente complicado porque quando pensavam que a garotinha ia ficar parada, ela acabou correndo na direção oposta ao que os guardas de elite sempre tinham que estar atrás dela caminhando em passos largos para poder alcançá-lo.
— Demetri pare de carregá-la como se ela fosse uma mala de viagem. — Caius repreendeu quando viu o vampiro agarrar Meredith pelas alças do macacão e levantá-la no ar e caminhar pelos corredores.
O vampiro estava pronto para responder ao rei, mas então Meredith começou a imitar um helicóptero fazendo o som dele voando. Ela estendeu os braços e as pernas no ar tentando girar sozinha.
— Você sabe de uma coisa? Esqueça. — aponta o rei antes de passar em direção à sala do trono.
Então o som improvisado do helicóptero de Meredith parou e Demetri olhou para ela.
— Você realmente é especial, não é? — o vampiro perguntou com um sorriso sutil antes de continuar seu caminho até o final do corredor.
A presença de Meredith não apenas abrandou o coração das rainhas, mas os guardas de Volterra também se beneficiaram quando um dia Meredith ficou com raiva porque os reis trataram mal os guardas. Aí começaram a tratá-los melhor e isso os deixaria sempre gratos à menininha de cabelos loiros.
Se alguém tivesse dito aos Volturi o quanto sua vida mudaria com a presença de uma garotinha, eles nunca teriam permitido isso. Como era a vida antes dela? Não se surpreendeu com o silêncio do castelo, nem com os pequenos passos que corriam entusiasmados pelos corredores escuros.
Mesmo em alguma parede do castelo, Heidi havia marcado a altura de Meredith aos cinco anos de idade, a vampira ficava triste toda vez que pensava em adicionar mais marcas na parede para indicar que ela estava começando a crescer. Mudaria alguma coisa? Eles poderiam preservar toda a inocência? Os Volturi não sabiam que suas ações mais egoístas os tornariam mais humanos e certamente não estavam prontos para a mudança.
— Meredith, coloque esses vegetais de volta no seu prato. — Caius avisou do outro lado da mesa.
A garotinha arregalou os olhos, ele nem estava olhando para ela. Meredith não sabia como percebeu o momento em que ela começou a colocar os legumes no prato de Felix.
— Vamos, Mer. Eles farão você crescer grande e forte. — Alec encorajou ao lado dela com um pequeno sorriso.
Meredith olhou para ele e pegou o prato de Felix que tinha muitos vegetais - os dele e os que Meredith jogou. Então ela colocou o prato na frente de Alec, ele precisava mais deles.
— Aqui, Alec. Para você ficar forte e forte... — a garotinha explicou inocentemente, dando-lhe o melhor de seus sorrisos.
Demetri ri baixinho olhando para seu prato, muitos como ele acharam engraçado e riram sem vergonha alguma.
O rei loiro curvou os lábios tentando suprimir o sorriso, Meredith não tinha ideia do que ele estava fazendo, mas eles fizeram e puderam rir livremente de algo assim.
— Isso é o que ganho por abrir minha boca grande. — Alec murmurou baixinho, olhando para a quantidade de vegetais em seu prato.
Brigar com Meredith por causa de vegetais era uma ocorrência diária, ela não tinha problemas com cenouras pequenas, mas as pequenas árvores em seu prato não eram suas favoritas e é claro que ela não as comeria, nem mesmo Scooby Doo as comeria.
— Então coma apenas as cenouras, angel. — pediu Athenodora com um sorriso caloroso. — E parem de rir. — ela repreende Felix e Demetri, que param de rir e olham para seus pratos.
[...]
Havia algo que fascinava Meredith mais do que correr pelo castelo sem controle, era a hora do dia em que Heidi chegava em seu quarto e a música começava a tocar. Ela sempre tinha uma música diferente para cada dia, todas as músicas novas ficavam na mente de Meredith sem poder evitar, naquela tarde era a vez de Don McLean, American Pie já era uma das favoritas da vampira há muito tempo, o bom ritmo a deixava de bom humor e ela gostava de ver como Meredith dançava e pulava por todo o quarto ao som da música que trazia para ela.
A vampira cantou cada palavra e Meredith fingiu que cantava também, a melodia cativante e o refrão eram otimistas o suficiente para deixar Meredith feliz naquelas tardes quando o sol estava prestes a se pôr. Heidi a levantou na cama para que ela pudesse pular, sempre cuidando dela a cada pulo e giro que a menina dançava. Elas pegaram os pincéis como microfones e dançaram, movendo o tronco e os braços no ar.
Heidi pegou suas mãos e a fez dançar com ela enquanto movia os pés em semicírculos no chão, a pequena Meredith riu, então a música começou a diminuir e o último verso de American Pie foi cantado.
No resto da tarde, Heidi colocou seus clássicos favoritos e elas passaram o resto da tarde dançando até que ambas caíram no tapete completamente exaustas. A música tocava na sala e no resto do castelo, mas nenhuma delas dançava, apenas ouviam cada letra e ritmo, batendo no tapete com as mãos ou os pés tentando imitar o ritmo. As músicas favoritas de Meredith eram de Elvis Presley, e Heidi tinha todos os seus álbuns, alguns dos quais até autografados - não que Meredith se importasse.
E quando as rainhas aprenderam o quanto Meredith amava música, não demorou muito para que um dos reis lhe desse aulas de piano - que era o instrumento do castelo. Os pianos não lhe eram completamente estranhos, em sua mente uma vez ela conseguiu ver um, era um lindo piano, embora ela não conseguisse lembrar quem tocava as teclas daquele grande objeto.
— Aquela garota tem música na cabeça. — Caius diz à esposa enquanto observa Meredith colorir com seus giz de cera em uma folha de papel.
— Ah, deixe ela, ela é tão adorável quando tenta cantar. — Athenodora diz com um sorriso doce, observando Meredith mover a cabeça de um lado para o outro enquanto tentava cantar alguma parte de uma música que ouviu naquela tarde. — Heidi quer mostrar o ABBA amanhã.
— O que é ABBA? — Caius perguntou com uma carranca.
— Não sei, mas algo me diz que vamos ouvi-los por um tempo.
O rei revirou os olhos antes de passar por Meredith e colocar a mão na cabeça dela para chamar sua atenção e avisá-la que ele estava lá. A garotinha virou a cabeça para trás e sorriu mostrando os dentinhos. Athenodora fingiu estar ocupada demais com seus bordados para notar o sorriso nos lábios do rei.
— Oh amor, perdi a luta...
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